"Bem sei que já murmuraram
em teus ouvidos ausentes
as palavras que murmuro
carregadas de silêncio
Bem sei que vozes estranhas
cantaram dentro de ti
como marulho do mar
no surdo bojo dos búzios
Bem sei de tudo
e que todos que já buscaram teu corpo
são apenas como loucos
à porta de teu mistério
Um dia, quando as ressonâncias em ter ser se calarem
E não mais brilharem estrelas em tua noite esquecida
ás de ver que familiar dos bairros de teu destino
já penetrei em teu ser e moro pra sempre em teu sentido."
Cais da eternidade
terça-feira, 19 de julho de 2011
O Jogral e a Rosa
Trago sempre uma rosa
De ternura e solidão
Rosa triste, rosa alegre
Rosa feita de ilusão
Ai de mim se esta rosa
Desfolhar-se pelo chão
Vaga rosa, meu destino
Minha rosa de saron
Cais da eternidade
Autopsicografia
"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração."
Fernando Pessoa
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração."
Fernando Pessoa
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